domingo, maio 07, 2006

Oculto

“A fotografia, acabando o barroco, libertou as artes plásticas da sua obsessão da semelhança. Porque a pintura, no fundo, se esforça em vão por nos fazer acreditar, sendo essa ilusão suficiente à arte, enquanto a fotografia e o cinema são descobertas que satisfazem, definitivamente e na sua essência, a obsessão do realismo (…). Liberto do complexo da semelhança, o pintor moderno – de que Picasso é hoje o mito – abandona-o ao povo, que o identifica doravante à fotografia, por um lado, e à pintura que se lhe aplica, por outro”. André BAZIN, “Ontologie de l’image photographique” (1945).

Horizonte

“Logo que você veja aquilo que pode expressar pela fotografia, descobre aquilo que não pode permanecer mais tempo no horizonte da representação pictural. Por que é que o artista continuaria a tratar temas que podem ser obtidos com precisão pela objectiva de uma máquina fotográfica? Seria absurdo, não é? A fotografia chegou no melhor momento para libertar a pintura de toda a anedota, de toda a literatura e mesmo do tema. Em todo o caso, um certo aspecto do tema, hoje, releva do domínio da fotografia.” Picasso.

A Telha

“Desde o momento em que Daguerre teve a sorte de poder fixar as figuras na câmara escura, os pintores foram nesse ponto despedidos pelo técnico. A verdadeira vítima da fotografia não foi a pintura de paisagem, foi o retrato em miniatura. As coisas andaram tão depressa que, desde 1840, a maior parte dos inúmeros miniaturistas tinham-se tornado fotógrafos profissionais, primeiro assessoriamente, de seguida exclusivamente”. Walter Benjamin, “Petite histoire de la photographie” (1931).

A Ponte

“A fotografia é a arte que, sobre uma superfície plana, com linhas e tons, limita com perfeição e sem nenhuma possibilidade de erro a forma do objecto que deve reproduzir. Sem dúvida que a fotografia é um instrumento útil à arte pictural. É utilizada, na maior parte das vezes, pelas pessoas inteligentes e cultas, com gosto, mas no fim de contas, em nada se pode equiparar à pintura”. Charles Baudelaire (Philosophie de l’Arte, 1865, t. l, p.25).