domingo, novembro 19, 2006

Pausa


“As fotografias têm para mim uma realidade que as pessoas não têm. È por intermédio das fotografias que eu conheço estas pessoas”. Richard Avedon

Consistência


“Mostrei uma série destas fotografias a Kafka e disse-lhe gracejando: ´Por mais ou menos duas coroas, podemos fotografar-nos de todos os ângulos. É o conhece-te-a-ti-mesmo automático!´. ´Quer dizer, o engana-te-a-ti-mesmo automático´, replicou Kafka com um ligeiro sorriso. Protestei: ´Que diz? A máquina não pode mentir!´ Kafka inclinou a cabeça sobre o seu ombro: ´Quem disse? A fotografia concentra o olhar sobre o superficial. Ela obscurece assim a vida secreta, que brilha através dos contornos das coisas num jogo da sombra e luz. Mesmo com a ajuda das lentes mais potentes, isso não se pode captar. É preciso aproximarmo-nos interiormente, com passo de lobo…´”. Gustav Janouch

Intervalo


“O antropólogo Melville Herkovits mostrou um dia a um aborígene uma fotografia do seu filho. Ela não reconheceu esta imagem sem que o antropólogo não tenha atraído a sua atenção sobre os detalhes da fotografia (…). A fotografia não comunica nenhuma mensagem a esta mulher sem que o antropólogo lha descreva. Uma proposição do tipo ´isto é uma mensagem´ e ´isto faz as vezes do vosso filho´ é necessário à leitura da fotografia. É necessário um discurso que torne explícito os códigos que procedem à composição da fotografia para a sua compreensão por parte da aborígene. O dispositivo fotográfico é fundamentalmente um dispositivo culturalmente codificado”. Alan Sekula

Anoitecer


“Antes de mais, o espaço da representação fotográfica não deve deixar-se suspeitar como espaço de enunciação. Constrói-se, pela grande angular, como um espaço envolvente, no qual nos achamos brutalmente encerrados, mas sempre como por acaso, por acidente (…). A grande angular trabalha maciçamente em benefício do humanismo de lágrima ao canto do olho: isolar o personagem, a vítima, na sua solidão e na sua dor…”. Alain Bergala